Era 3ª feira, de manhãzinha, fui ao banheiro. Xixi era
ligeiramente escurecido... passei o dia mais ansiosa, achei q a barriga
contraia com mais frequência q o normal, e era mais desconfortável q o
habitual.
Há dias Alice andava super agarrada e querendo-mamãe, mais q o
normal. A babá percebeu e chegou a comentar 'criança sente... o Eric deve estar
vindo' isso foi na 6a feira; achei q dificilmente chegaríamos ao final da
semana seguinte.
No final da tarde daquela 3ª feira, Alice chegou da escola e foi
logo beijando e abraçando a barriga. E disse 'Ele falou que ele quer sair.' Naquele
momento, sabia que tinha chegado a hora. De madrugada acordei com as primeiras
contrações e Eric nasceu dois dias depois.
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Eu fui atrás e consegui. Eric nasceu sem que eu tivesse tomado
nenhuma ‘droga’, nem anestesia nem oxitocina. Doeu PRACARALH... mas tudo passa
instantaneamente e aí, é só baby!
Tudo começou quando ouvi da Mabi sua experiência com a Lorena,
que nasceu em casa. Achei louco mas incrível... ela contou um pouco sobre os
cuidados que teve para o parto, da banheira em casa, a preparação durante a
gestação... nunca achei ela louca ou radical, talvez por isso eu tenha ouvido com
mais abertura. Meses depois, eu nem grávida estava, falei rapidamente com a
pediatra da Alice sobre a experiência incrível da Mabi e, que surpresa, recebi
apoio e vários conselhos, sendo o principal, que eu precisaria trocar de
obstetra se eu quisesse algo parecido. Armazenei aquela informação e não toquei
mais no assunto.
Fiquei grávida acho que um ano depois. Lembrei do conselho de trocar
de médico, mas acho que no fundo eu não acreditava que poderia realmente fazer
diferença, eu confiava de verdade no meu obstetra, ele foi hiper atencioso e
paciente no parto da Alice, era um cara hiper calmo, competente e nunca me
deixou sem retorno ou insegura sobre o que quer que fosse. Sempre me senti
cuidada, assistida e confiante. Tá lindo, não está?
Assim, as semanas iam passando e a vida corrida ia me deixando no
caminho conhecido e seguro – muito mais fácil ne. Só que meu inconsciente
trabalhou e não me deixou ficar sem falar com a Mabi... eu já estava na semana
18 ou 20 quando a conversa com ela bateu! Ela já tinha falado da Diana, já
tinha me sugerido fontes de informação... e eu, nada. Dessa vez ela me deu o
telefone da Diana ‘conversa com ela, só ouve’. Fiquei a semana toda olhando pro
número... dias depois encontrei a pediatra e comentei que planejava falar com uma doula bla-bla-bla. E ela, ‘quem
é? A Diana?’, ‘É’, ‘Ela é ótima, liga pra ela! A gente trabalha junto direto,
você está muito bem assistida, mas vai ter que mudar de médico’. Foi um apoio muito
importante. Liguei pra Diana, nos encontramos, ela me passou o contato de uma
obstetra e eu me matriculei na aula de ioga. Pronto! A partir dali já fui me
envolvendo com aquelas informações, com aquela tribo de mulheres cheias de
garra e totalmente empoderadas de suas gestações. Os encontros com outras
mulheres para trocas de experiências e expectativas faziam muito sentido e
mantinham um clima de cumplicidade que era impossível ficar no meio do caminho.
Ou se integra ou se afasta. Eu me entreguei.
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Na madrugada em que acordei com as primeiras contrações, Diana me
orientou a me manter calma e me examinaria pela manhã. Sem dilatação, esperamos
a evolução. O dia passou tranquilo, as contrações se tornaram mais suportáveis,
encerrei assuntos de trabalho, fui caminhar com o marido pelo bairro. A família
um pouco ansiosa tentava não pressionar e Alice já tinha ido da escola direto pra
casa da cunhada. A madrugada foi de descanso total. Mas de manhã...
Por volta de 10h comecei a liberar líquido... a bolsa tinha
estourado, eu andava e molhava o chão. Tomei um chuveiro quente (era inverno, o
que fazia o banho ainda melhor) e aliviava muito a pressão que eu sentia. Como
a Diana previu, a dor das contrações entraram então em nova ‘fase’ e não me
permitiam mais sorrir e conversar normalmente. Era o TP iniciando. Ela chegou
em casa por volta das 12h, 2 cm de dilatação. Lembrei dos 2 cm do parto da
Alice, tive medo daquela ‘estação’. Mas a verdade é que não tive mais nem
chance de lembrar disso de novo, eu estava entrando num estágio em que não conseguia
realmente prestar atenção em mais nada do que acontecia a minha volta, é um
transe conhecido como ‘partolândia’, naquela hora eram só eu e a Diana, no meu
quarto, muitos panos, muito líquido. Ela me levou ao banho novamente e voltamos
pra cama, meu foco eram as contrações e a dor, e aí eu já começava a urrar. Eu urrava
junto com a contração e quando cessava, quase dormia. Lembro de ter dito em
algum momento ‘Eu não quero que o nenem nasça em casa’. Diana me ajudava a
buscar e trocar de posição. Impossível precisar quanto tempo se passou quando
ao me examinar ela informou ‘5 cm vamos pro hospital’. E eu ‘Como??! Não vou
conseguihhhhhrrrrrrr’. Ela me deu um pano longo, que coloquei em volta da
cintura, na altura do quadril e quando a contração vinha eu parava de caminhar
e agarrava o pano puxando-o com as duas mãos pra baixo na direção do chão... e
assim fui caminhando até o carro.
No caminho, era 20 de junho de 2013, a agitação popular nas ruas
gritava do lado de fora e eu berrava de dor do lado de dentro do carro. Mas
felizmente, o trânsito até Laranjeiras estava tranquilo e chegamos rápido.
Cheguei aos berros, não há falta de vaga que freie atendimento a uma mulher berrando
em TP. Fui direto pra uma salinha onde encontrei a médica Dra. Fernanda e a
pediatra-amiga a também Dra. Fernanda. Eu já estava na fase chamada expulsiva e
foi quando o marido entrou em ação. Foi nele que eu me apoiei pra fazer força
pra expulsar o Erikito. Num determinado momento, fomos pra uma sala maior que
costumo descrever como uma sala de brinquedos... tinham cordas penduradas,
bancos, cadeiras, luzes estavam apagadas, e uma banquetinha azul vazada que percebi
na hora que seria ali. O marido se sentou atrás de mim me abraçando, e eu me
apoiei nos braços dele enquanto fazia força sentada na banqueta. Foram várias
forças ali. Achei que uma vez que o neném começasse a sair, pronto ele sozinho ‘cairia’,
mas não, tive que fazer muita força até o fim! E pra mim foi quando mais doeu!
Até que... o choro! Alívio! Sento no chão! Nenenzinho todo melecadinho
pequenininho no colo! Querendo abrir o olhinho! Cabeludo, cabeludo... O choro!
Meu! Do Marido! ‘E agora, o que eu faço?’ lembro de ter falado... Eric ainda
com o cordão umbilical ligado a mim, já foi se direcionando pro peito!
Incrível!! As meninas (rs, a obstetra, a pediatra e a doula) deram pro marido
cortar o cordão, e comemoramos...
Eric ficou ali no meu colo, mamou de prima, mãozinha no peito,
olhinho já abertinho, só saiu de perto de mim na hora de irmos pro quarto, e não nos desgrudamos mais até hoje, nove meses depois.