A maternidade é uma transformação louca, um turbilhão. Ela impõe
novas prioridades, provoca novos medos, novas ansiedades, é tudo tão novo, tão
intenso q acho que acaba sobrando bem pouco da pessoa de antes. E isso resvala
todas as relações da vida né. É comum ver casais que não conseguem mais se
entender, amigos que se afastam, amigos que se aproximam, trabalhos que são trocados, interesses que se desfazem, famílias que se reconectam, famílias
que se desconectam...
Mas é isso aí! É duro, exige da mulher encarar um vendaval de
sentimentos e encontrar seu novo ponto de equilíbrio, e depois de um tempo, com
mais ou menos dificuldade, maiores ou menores consequências, tudo entra inevitavelmente
nos novos eixos e a vida retoma seu ritmo novo. No meu caso, depois de ter me
desligado de um emprego de 10 anos e com o qual me identificava muito,
passando a trabalhar menos e em casa, acho que a experiência mais inesperada
foi a solidão... Como assim essa sensação de sozinha e essa tendência a só se preocupar com o neném...
Essa fase inicial da maternidade, acho q pelo menos até o 1º
ano, é muito solitária... É lindo, um amor louco, um vício, uma devoção, mas também
é muita função, muita atenção. A criança ainda está construindo seu ritmo biológico,
ainda tem várias restrições alimentares, não anda, não fala... e isso acaba exigindo
um bom tempo dedicado à ela. Quando Alice era bebê, depois que eu botava ela pra
dormir, eu já estava exausta e dormia também. Nisso o marido estava em outro turno,
amigos acho que só conseguia ver final de semana; os dias iam passando e o
mundo infantil e a rotina doméstica se expandiam na minha rotina, os papos
divertidos de barzinho, de noitada, aquelas trocas ricas de pessoa adulta e
independente foram ficando pro Facebook... Mas o tempo passa, Alice foi crescendo, ganhando maior autonomia, a creche/ escola entraram em cena e aos poucos
fui reconstruindo minha nova vida.
Daí que qdo eu estava pra ter o Eric, já tinha parado pra pensar
sobre essa coisa da solidão e refleti q estaria melhor preparada, é uma fase que
já sei q passa. Mas eis a vida... O segundo filho nos mostra, ou melhor
colocando, Eric vive me mostrando como eu confundo experiência com
expectativa... me pego novamente triste com a minha solidão... 9 da noite
parece meia noite... silêncio, televisão sozinha... amigos só por telefone e FB.
E me peguei achando que ninguém lembra que eu existo, com a sensação de que só
eu estou sozinha, putz, tudo de novo! Que saco!
Sei que passa, mas enquanto não passa demora! Bom, pelo menos dessa vez, acho que sei identificar os canais pra lidar com isso. Preciso encarar eventos de adulto que me fazem feliz! E foi nessa esteira que aconteceu um choppinho só com amigas seguido de evento na Fundição Progresso... fiquei sorrindo a semana inteira ;). Foi tão importante! Mas ao mesmo tempo, é tão difícil fazer o movimento... vencer o cansaço, o apego ao bebê, a rotina da casa que tb não está acostumada a essa nova postura... Mas ali percebi que dá pra ir uma vez ou outra e que o bem que me faz, faz também muito bem pro entorno familiar. #ficaadica
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